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A população pode dar um trégua ao novo presidente, Michel Temer, em prol de crescimento econômico, mas sem uma guiñada à direita. Esta é a avaliação do americano Michael Shifter, que preside o Inter-American Dialogue, um dos principais centros de pesquisa sobre América Latina em Washington, que ressalva: “Podemos ver o PT ou a esquerda voltar em 2018.”
Como vê o impeachment?
Foi previsível, importante para a América Latina. Esperamos que surja um governo mais estável, embora haja incertezas.O governo Temer começa com grande rejeição, baixa popularidade. E tem de trabalhar com consensos difíceis: adotar uma série de políticas que são rejeitadas pela opinião pública, mas que não podem esperar muito tempo.
O senhor acredita numa nova onda de protestos?
Temos que esperar. A sociedade brasileira está muito cansada da crise económica e política e pode dar uma trégua. Pode dar o benefício da dúvida a este governo: uma aposta em prol da estabilidade. Agora, se o novo governo vai conseguir responder bem é questão de tempo.
Este impeachment comprova uma guinada à direita na América do Sul?
Não podemos dizer isso. O único caso de giro político foi na Argentina, com a eleição de Mauricio Macri. No Brasil, é diferente: tem nuances, o ambiente de crise política e econômica e as investigações de corrupção. O que vemos é uma fadiga do momento político e do modelo econômico, baseado na exportação de commodities. Vemos descontentamento e busca por alternativas, mas não está clara uma guinada à direita. Se Temer não entregar bons resultados, podemos ver o PT ou a esquerda voltar em 2018. Não será tão fácil para a direita ficar 13 anos no governo, como ficou o PT.