A proposta de Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, de pedir o fechamento da fronteira do Brasil com o Paraguai, Bolívia e Colômbia como forma de reduzir a violência dificultando o tráfico de drogas e de armas não é factível, na opinião do americano Michael Shifter, presidente do Inter-American Dialogue, think tank baseado em Washington voltada para a discussão de políticas e soluções para a Amércia Latina.
Ele acredita que as drogas nos Estados Unidos são prova de que nem mesmo o país mais rico do mundo conseguiu sucesso com essa política na fronteira com o México. Ele afirma que tal medida só aumentaria a desconfiança na região, e que os vizinhos podem também fechar a fronteira com o Brasil. “Ou só os brasileiros são bons e todos os maus são de outros países?”, provoca.
Como o senhor vê essa proposta do governador do Rio para fechar a fronteira do Brasil?
SHIFTER: “Eu não acredito que esta é uma solução. Pode até funcionar por um tempo, em um curto período, mas não é uma solução verdadeira, de longo prazo e sustentável. Entendo políticos que defendam essas medidas como uma maneira de enfrentar uma frustração de suas políticas de segurança, mas no longo prazo os traficantes descobrem outros meios.”
O governador falou de levar o caso para a ONU…
“Eu não acredito que a ONU vá se prestar a isso, pois fechamento de fronteira não funciona. Não há nenhum exemplo no mundo em que isso tenha dado certo, então não acredito que a ONU possa defender isso.”
O que essa medida pode causar?
“O maior risco para o Brasil é mudar sua relação com os vizinhos. O Brasil tem um histórico de boa relação, de bom convívio. Ao propor o fechamento, há um aumento da desconfiança. E um julgamento: “Nós, do Brasil, somos todos bons, e vamos fechar a fronteira pois vocês são os maus”. Não é assim, há bons e maus em todas as partes e medidas assim podem ser aplicadas contra o Brasil. Ou será que só há problemas de fora para dentro do Brasil?”
Qual a melhor solução para o crime transnacional, então?
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